NOTA PÚBLICA | PROJETO MIRANTE | Sobre a operação policial no Complexo do Alemão e Complexo da Penha

O Projeto Mirante acompanha com profunda preocupação a operação conjunta das polícias civil e militar realizada em 28 de outubro de 2025, nos Complexos do Alemão e da Penha, Zona Norte do Rio de Janeiro, que resultou em 64 mortes — a maior chacina policial da história do estado —, além de dezenas de feridos, fechamento de unidades de saúde, suspensão de 45 escolas e graves impactos na mobilidade da população.

As circunstâncias da ação, marcadas por falhas de planejamento e de coordenação interinstitucional, colocaram em risco a vida tanto de agentes de segurança quanto da população civil, evidenciando a necessidade de aprimorar os protocolos operacionais e de inteligência que orientam as intervenções estatais em territórios densamente povoados. As operações mais eficazes no enfrentamento de grandes organizações criminosas são aquelas que atingem suas cadeias de comando e seus recursos financeiros e operacionais, com base em ações de inteligência, planejamento estratégico e respeito à vida e à segurança da população.

O Projeto Mirante é uma iniciativa voltada à produção de conhecimento e à incidência institucional em defesa da vida e dos direitos humanos, com foco na análise das operações policiais e na denúncia de ilegalidades praticadas nesse contexto. Com base em dados consolidados, reconhece-se que a recorrência de chacinas em favelas expressa uma política de segurança pública que não reduz a violência, não enfrenta o poder armado e impõe impactos desproporcionais sobre populações negras e periféricas.

Em respeito à Constituição e aos princípios que regem o Estado Democrático de Direito, o Projeto Mirante reafirma que a atuação policial deve preservar vidas e garantir direitos, jamais produzir morte e sofrimento. É indispensável que as autoridades competentes assegurem transparência, responsabilização institucional e investigação rigorosa dos fatos.

O Projeto Mirante se solidariza com as famílias atingidas e seguirá acompanhando os desdobramentos desta operação. Uma política de segurança legítima se mede pela proteção da vida, e não pela contagem de corpos.

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